Philipp Lichterbeck (Eschborn, 1972) es un
periodista independiente alemán que vive en Río de Janeiro desde 2013. Como
corresponsal y reportero, se centra en Brasil y el resto de América Latina.
Los sin tierra de Brasil son el
mayor movimiento social de América Latina, a pesar de la brutal oposición. Los
alimentos ecológicos proporcionan un medio de vida a muchos de ellos.
Sirley Gil con sus nietas. Foto IAN
CHEIBUB
La vista sobre las tierras de
Sirley Gil es pintoresca. “Tenemos paz”, dice esta mujer de 54 años. “Por fin”.
Ha construido una casa en una colina con su marido. Desde aquí arriba, se
contempla un estanque donde nadan gansos. En la ladera opuesta hay un huerto
donde crecen coles, zanahorias, remolachas y espinacas. Unas vacas pastan un
poco más lejos.
El paisaje está enmarcado por la
oscura selva tropical que antaño lo cubría todo aquí, en las montañas cercanas
a la pequeña ciudad de Piraí y a unas dos horas de Río de Janeiro.
Un sueño hecho
realidad
Sirley Gil y su marido poseen 23
hectáreas de tierra. En otras parcelas plantan plátanos, limas, judías/frijoles, batatas
y mandioca. Los Gil forman parte de los más de cinco millones de pequeños
agricultores brasileños que producen alimentos para el mercado interno.
El
documental presenta la obra musical de Raul Ellwanger dedicada a la saga
guaraní y a las misiones jesuíticas en Rio Grande do Sul
El estreno del primer episodio de la serie
documental “Cantata Sete Povos (Siete Pueblos)” tendrá lugar en una sesión
especialdelaCinematecaPauloAmorim,enlaCasadeCultura MárioQuintana,elpróximomiércoles(16/11),alas19horas,en Porto Alegre (Rio Grande do Sul,
Brasil).
Lapelículaaborda,deformapoética,laconstruccióndelasociedadutópicapropuesta por los
jesuitas europeos a los guaraníes, que originalmente poblaron el territorio
gaucho durante más de un milenio. Con el fin de la experiencia en los siglos
XVII y XVIII,llególaépocadelborradodelamemoriamisionera,laocultacióndeloshechos y el genocidio indígena.
El documental que se
proyecta está basado en la obra musical del reconocido compositor Raúl
Ellwanger, creador de la“Cantatade losSietePueblos”- unapopular suite de 12 canciones de diferentes
estilos- que narra, según el autor, la saga guaraní enbuscadela “Tierra-Sin-Males”ysurelaciónconlosreligiososeuropeos.Elprimer
episodiodelaserie,concluidoaprincipiosdeoctubre,muestraalmúsicoendiferentes
situaciones de su trabajo artístico y creativo.
Ellwangerinterpreta"Invocação"anteelaltardelaiglesiadeSantaCecilia,patronade los músicos.
También visita una aldea guaraní en Viamão, donde canta "Bate o
Enxadão" en el Opy (casa de
oración). El compositor conversa, en Porto Alegre, con investigadores de la
historia y el legado de los guaraníes y los jesuitas. Y viaja hasta el yacimiento
arqueológico de la misión de S. Miguel, donde desvela los motivos que le
llevaron a componer la "Cantata Sete Povos", un género originado en
el periodo barroco en Europa, luego referenciado en las acciones emancipadoras
en Hispanoamérica.
OmarL.deBarrosFilho,guionistaydirectordeldocumental,explicaquelapropuesta cinematográfica de "Cantata Sete Povos" se
apoya en “una narrativa ágil que ofrece al espectador un viaje musical al
pasado, en busca de respuestas a preguntas que aún permanecen vivas e
inquietantes. En la película, el personaje central y mediador del proceso es el
compositor y músico Raul Ellwanger”.
"Cantata Sete
Povos" es una producción del Instituto Latinoamerica, con 21 años de
acciónculturalyeducativa,conproduccióndeKino
KaosFilmesyPoéticaProduções.
Notassobrela“Cantata Sete Povos”
Episodio1
OmarLuizdeBarrosFilho Guionista y director
Con
formato de documental para la producción de una serie de cuatro cortometrajes
musicales y on the road, la propuesta
cinematográfica de “CantataSetePovos”fueunretoenmicarrera.Pero,conelprimercapítulo
ya terminado y listo para el estreno en Internet, observo que la
película propone una narración contemporánea y ágil, que busca conducir al
espectador en un viaje poético a lo que ya ha sucedido, en busca de respuestas
a preguntas que aún hoy permanecen vivas.
El
mediador del proceso es el compositor gaucho Raúl Ellwanger, que encontró su
inspiración musical en las raíces barrocas de la catequesis jesuita, en la que
encontró el género de la Cantata. En
su origen, las canciones originales vinieron de Europa o fueron compuestas aquí
en América del Sur por sacerdotes jesuitas, durante los siglos XVI y XVII, y
fueron utilizadas como instrumento de aculturación, conversión y pacificacióndelospueblosoriginarios,comolosguaraníes,quehabitaron
el Río Grande do Sul durante más de mil años.
CentrándoseenlaépocadeesplendordelasMisiones,elcélebreEllwanger compusounasuitepopularde12cancionesoriginalesdediferentesestilos, que narran la saga guaraní en busca de la utópica “Tierra-Sin-Males”
y su relación con los religiosos europeos. El primer episodio de la serie,
concluido a principios de octubre, muestra al músico en diferentes situaciones
de su trabajo artístico y creativo.
Enelprimerepisodio,trescámarasenmovimientoapoyanlapelículaque documenta los escenarios en los que
Ellwanger se mueve y canta. En la antigua misión de São Miguel, por ejemplo, el
documental muestra al espectador la vista del terreno por el que, antiguamente,
paseaban los guaraníes y los frailes. También pasaron por allí los bandeirantes
y los encomenderos, principales
enemigos de la obra social y religiosa que se estaba construyendo en las
reducciones jesuíticas.
Documentário
apresenta obra musical de Raul Ellwanger dedicada à saga guarani e às missões jesuíticas no Rio Grande do Sul
A estreia do
primeiro episódio da série documental “Cantata Sete Povos” acontecerá em uma
sessão especial da Cinemateca Paulo Amorim, na Casa de Cultura Mário Quintana,
na próxima quarta-feira (16/11), às 19h00, em Porto Alegre.
O filme aborda, de
forma poética, a construção da utópica sociedade proposta por jesuítas europeus
aos guaranis, que povoaram, originariamente, o território gaúcho por mais de um
milênio. Finda a experiência nos séculos 17 e 18, sobreveio a era do apagamento
da memória missioneira, a ocultação dos fatos e o genocídio indígena.
O documentário em
tela está alicerçado sobre a obra musical do consagrado compositor Raul
Ellwanger, criador da “Cantata Sete Povos” - uma suíte popular de 12 canções em diferentes estilos - que narra, segundo o autor,
a saga guarani em busca da Terra-Sem-Males” e sua relação com os religiosos
europeus. O episódio inicial da série, concluído no início de outubro, mostra o
músico em diferentes situações em seu trabalho artístico e criativo.
Assim, Ellwanger interpreta
“Invocação” diante do altar da Igreja Santa Cecília, padroeira dos músicos.
Visita, ainda, uma aldeia guarani em Viamão, onde canta “Bate o Enxadão” na
Opy (casa de reza). O compositor conversa, em Porto Alegre, com
pesquisadores da história e do legado guarani e jesuíta. E viaja ao sítio
arqueológico da missão de S. Miguel, onde revela as razões que o levaram a
compor a “Cantata Sete Povos”, gênero originado durante o período barroco na
Europa, depois referenciado em ações emancipacionistas na América Hispânica.
Omar L. de Barros
Filho, roteirista e diretor do documentário, explica que a proposta
cinematográfica de “Cantata Sete Povos” está apoiada “em uma narrativa ágil,
que oferece ao espectador uma viagem musical ao passado, em busca de respostas
a questões que ainda permanecem vivas e inquietantes. No filme, o personagem
central e mediador do processo é o compositor e músico Raul Ellwanger”.
“Cantata Sete Povos” é uma realização do Instituto Latinoamerica, com 21 anos
de atuação cultural e educativa, com produção da Kino Kaos Filmes e Poética
Produções.
Notas
Sobre “Cantata Sete Povos”
Episódio 1
Omar
Luiz de Barros Filho
Roteirista
e Diretor
Documentário
formatado para a produção de uma série de quatro curtas-metragens musicais e on
the road, a proposta cinematográfica de “Cantata Sete Povos” foi um desafio
em minha carreira. Mas, com o primeiro capítulo já finalizado e pronto para a
estreia na internet, observo que o filme propõe uma narrativa contemporânea e
ágil, que busca conduzir o espectador em uma viagem poética ao já acontecido, à
procura de respostas para questões que ainda permanecem vivas na
atualidade.
O mediador do
processo é o compositor gaúcho Raul Ellwanger, que garimpou sua inspiração
musical nas raízes barrocas da catequese jesuítica, nas quais encontrou o
gênero Cantata. Em sua origem, as canções originais ou vieram da Europa
ou foram compostas aqui na América do Sul por religiosos jesuítas, durante os
séculos 16 e 17. Eram, então, utilizadas como instrumento de aculturamento,
conversão e pacificação dos povos originários, como os guaranis, que habitavam
o Rio Grande do Sul há mais de mil anos.
Focado no período
do esplendor das Missões, o consagrado Ellwanger compôs uma suíte popular de 12 canções originais em diferentes estilos - que narram a saga guarani
em busca da utópica Terra-Sem-Males e sua relação com os religiosos europeus. O
episódio inicial da série, concluído no início de outubro, mostra o músico em
diferentes situações em seu trabalho artístico e criativo.
No primeiro
episódio, três câmeras em movimento dão suporte ao filme, que documenta os
cenários nos quais Ellwanger transita e canta. Na antiga missão de São Miguel,
por exemplo, o documentário apresenta ao espectador a visão do terreno onde,
antigamente, circulavam os guaranis e os frades. Por lá também passaram os
bandeirantes e os encomenderos, os principais inimigos da obra social e
religiosa em construção nas reduções jesuíticas.
Camaradas brasileiros acabam de me comunicar o falecimento, na
manhã do 3 de agosto, em Trevignano Romano – província de Roma, de
Achille Lollo, a quem gostaria de prestar a minha homenagem.
Achille nasceu em Roma, em oito de maio de 1951. Seu pai, Salvatore,
comunista e guerrilheiro antifascista na Itália e na Iugoslávia, tendo
sido deportado. Se tivesse nascido 30 anos antes, Achille também teria
tomado as armas contra o fascismo. E se ele tivesse nascido 130 anos
antes, ele certamente teria sido um Camisa vermelho e teria lutado ao
lado dos defensores garibaldinos de Montevidéu, quando assediada pelo
cruel general argentino Rosas.
Mas, na vida real, sua biografia não tem nada que invejar à aventuras
dos heróis de Alexandre Dumas e de Victor Hugo. A militância de Lollo
fez parte de uma longa tradição italiana de “armar quilombos” em cada
canto do mundo. Seus cinquenta anos de vida adulta passaram-se em três
diversos cenários: na periferia de Roma, em Angola e no Brasil.
Tudo começou em abril de 1973, em Primavalle, um subúrbio de Roma,
fortemente dividido em forças políticas opostas. Achille e alguns
companheiros do grupo Potere Operaio (Poder operário) são acusados de
ter provocado um incêndio no apartamento do líder local do grupo
fascista Movimento social Italiano, incêndio no qual dois dos filhos
deles morreram. Achille é preso e nega quisesse matar qualquer pessoa
que fosse, afirmando que só queria intimidar os fascistas locais, com os
quais os militantes da esquerda estavam em permanente conflito. Após
dois anos de prisão preventiva, quando posto em liberdade, refugia-se,
em 1975, em Angola, onde participa das lutas anticoloniais, junto com o
MPLA, a SWAPO e a ANC. Em 1986, com sua esposa angolana e seus quatro
filhos, emigra para o Brasil. Ali, militou no PT, na tendência Força
Socialista, e, a seguir, participou, 2004, da fundação do PSOL.
Em 1994, ele fora preso em virtude de um pedido de extradição da
Itália, sendo liberado após um ano de detenção. Em 2005, prescreveu a
condenação a 18 anos de prisão a que havia sido condenado na Itália,
mantendo-se os danos materiais (um milhão de euros), o que não permite
que ele se torne proprietário de qualquer bem (o que não é tão mau).
Em 2010, com problemas de saúde, voltou para a Itália, onde se
dedicou à agricultura ecológica. A explosão do Covid-19 comprometeu
fortemente essa atividade. Porém, não foi o vírus o responsável pelo seu
falecimento. Lollo, cardíaco e diabético, foi acometido por um câncer
do pâncreas, o qual, como sabemos, é fulgurante.
Achille deixa uma obra imensa – escrita e audiovisual, principalmente
sobre a América Latina, dispersa em numerosos suportes. Esperemos que
alguém possa reuni-la.
Acabo de enterarme por compañeros brasileños comunes de la muerte
ayer en Trevignano Romano, de Achille Lollo, a quien quiero rendir
homenaje.
Achille había nacido en Roma el 8 de mayo de1951. Su padre Salvatore
había sido un resistente y deportado comunista, guerrillero antifascista
en Italia y Yugoslavia. Si hubiera nacido 30 años antes, Achile también
habría tomado las armas contra el fascismo. Y si hubiera nacido 130
años antes, sin duda habría sido una Camisa roja, entre los defensores
garibaldinos de Montevideo asediada por el cruel general argentino
Rosas.
Pero su biografía real no tiene nada que envidiar a las aventuras de
los héroes de Alexandre Dumas o de Victor Hugo. Forma parte de una larga
tradición italiana de armar quilombos en cada rincón del mundo. Sus
cincuenta años de vida adulta transcurrieron en tres escenarios: las
periferias de Roma, Angola y Brasil.
Todo comienza en abril de 1973 en Primavalle, un suburbio romano reñido. Achille y algunos compañeros del grupo operaista Potere Operaio
son acusados de haber provocado un incendio en el apartamento del jefe
local del grupo fascista Movimiento social italiano, en el que dos de
los hijos del hombre murieron. Achille es arrestado, y niega que hubiera
querido matar a nadie, sino que simplemente quería intimidar a los
fascistas locales con los que los izquierdistas estaban en conflicto
permanente. Luego de dos años de prisión preventiva, fue puesto en
libertad y se refugió en Angola en 1975. Participó en las luchas
anticoloniales, junto con el MPLA, la SWAPO y el ANC. En 1986, con su
esposa angoleña y sus cuatro hijos, emigró al Brasil. Allí militó en el
PT, en la tendencia Força Socialista, y luego participó en la
fundación del PSOL (Partido Socialismo y Libertad) en 2004. En 1994 fue
detenido a raíz de una solicitud de extradición italiana y fue puesto en
libertad después de un año de detención.
En 2005, la pena de 18 años de prisión a la que había sido condenado
en Italia prescribe, pero no los daños y perjuicios a los que había sido
condenado (1 millón de euros), lo que le prohíbe poseer nada (lo que no
está mal).
En 2010, con problemas de salud, regresó a Italia, donde se dedicó a la agricultura ecológica. La explosión del COVID-19 comprometerá seriamente esta actividad. Pero
no fue el virus lo que lo mató: cardíaco y diabético, fue afectado por
un cáncer de páncreas, el cual, como sabemos, es fulgurante.
Achille deja una obra inmensa, escrita y audiovisual, principalmente
sobre América Latina, dispersa en numerosos soportes. Esperemos que
encuentre a alguien que la reúna.