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15/08/2023

ALEJANDRO GRIMSON
Argentine : nouvelle droite, nouveaux défis

Alejandro Grimson, Página 12, 15/8/2023
Traduit par Fausto Giudice, Tlaxcala

Alejandro Grimson (Buenos Aires, 1968) est un anthropologue argentin, professeur et directeur de thèses de doctorat en anthropologie sociale à l’Institut de Hautes Études Sociales de l’Université San Martín, chercheur principal au CONICET (Conseil national de recherches scientifique et technique). Spécialiste entre autres des inégalités, des discriminations, des migrations, des zones frontalières, des cultures politiques, des identiéts et de l’interculturalité, il est l’auteur de six livres. CV

Le résultat choquant des élections primaires de dimanche donne lieu à d'importants débats. Je considère qu'il est essentiel d'examiner au moins dix questions :

1) La croissance exponentielle de l'extrême droite est un phénomène mondial qui a commencé en 2015 et 2016 avec les triomphes de Trump et de Bolsonaro. Boric et Petro ont remporté leurs scrutins contre des candidats du même type et ces forces font partie de tous les parlements en Europe. Nous sommes dans une nouvelle étape historique, de grande instabilité économique et politique et de renforcement des forces d'extrême droite.

2) Au niveau mondial, cette droite radicalisée s'est manifestée de deux manières. Soit par l'émergence de nouvelles forces, comme Vox en Espagne, soit par la radicalisation des partis traditionnels, comme aux USA. En Argentine, les deux se produisent en même temps. Ces droites ont des agendas économiques différents dans le monde entier et ne cadrent pas toutes facilement avec les stéréotypes sur les vieilles extrêmes droites.

3) Dans le cas de l'Argentine, il s'agit de néolibéraux en surrégime. Ils ont des candidats liés à la dictature et d'autres qui font partie de la vie démocratique depuis des décennies. Au fond, ils sont xénophobes, l'écrasante majorité est anti-droits des femmes et anti-diversité, mais ils sont ambivalents parce qu'ils ne pensent pas tous de la même façon et aussi parce que pour l'instant ce ne sont pas ces aspects qui opèrent dans la société. Ce qui fonctionne, c'est l'invention d'une issue prétendument simple à une crise économique déjà insupportable. La “dollarisation”, la “caste” et la promesse de répression et d'ordre ont conduit à cette performance électorale.

06/08/2021

Achille Lollo: Adeus a um combatente

Fausto Giudice, Basta Yekfi!, 4/8/2021

Traduzido por Florence Carboni

Camaradas brasileiros acabam de me comunicar o falecimento, na manhã do 3 de agosto, em Trevignano Romano – província de Roma, de Achille Lollo, a quem gostaria de prestar a minha homenagem.


Achille nasceu em Roma, em oito de maio de 1951. Seu pai, Salvatore, comunista e guerrilheiro antifascista na Itália e na Iugoslávia, tendo sido deportado. Se tivesse nascido 30 anos antes, Achille também teria tomado as armas contra o fascismo. E se ele tivesse nascido 130 anos antes, ele certamente teria sido um Camisa vermelho e teria lutado ao lado dos defensores garibaldinos de Montevidéu, quando assediada pelo cruel general argentino Rosas.

Mas, na vida real, sua biografia não tem nada que invejar à aventuras dos heróis de Alexandre Dumas e de Victor Hugo. A militância de Lollo fez parte de uma longa tradição italiana de “armar quilombos” em cada canto do mundo. Seus cinquenta anos de vida adulta passaram-se em três diversos cenários: na periferia de Roma, em Angola e no Brasil.

Tudo começou em abril de 1973, em Primavalle, um subúrbio de Roma, fortemente dividido em forças políticas opostas. Achille e alguns companheiros do grupo Potere Operaio (Poder operário) são acusados de ter provocado um incêndio no apartamento do líder local do grupo fascista Movimento social Italiano, incêndio no qual dois dos filhos deles morreram. Achille é preso e nega quisesse matar qualquer pessoa que fosse, afirmando que só queria intimidar os fascistas locais, com os quais os militantes da esquerda estavam em permanente conflito. Após dois anos de prisão preventiva, quando posto em liberdade, refugia-se, em 1975, em Angola, onde participa das lutas anticoloniais, junto com o MPLA, a SWAPO e a ANC. Em 1986, com sua esposa angolana e seus quatro filhos, emigra para o Brasil. Ali, militou no PT, na tendência Força Socialista, e, a seguir, participou, 2004, da fundação do PSOL.

Em 1994, ele fora preso em virtude de um pedido de extradição da Itália, sendo liberado após um ano de detenção. Em 2005, prescreveu a condenação a 18 anos de prisão a que havia sido condenado na Itália, mantendo-se os danos materiais (um milhão de euros), o que não permite que ele se torne proprietário de qualquer bem (o que não é tão mau).

Em 2010, com problemas de saúde, voltou para a Itália, onde se dedicou à agricultura ecológica. A explosão do Covid-19 comprometeu fortemente essa atividade. Porém, não foi o vírus o responsável pelo seu falecimento. Lollo, cardíaco e diabético, foi acometido por um câncer do pâncreas, o qual, como sabemos, é fulgurante.

Achille deixa uma obra imensa – escrita e audiovisual, principalmente sobre a América Latina, dispersa em numerosos suportes. Esperemos que alguém possa reuni-la.


                          Uma das últimas fotos de Achille, com seu filho Achillinho