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Sergio Rodríguez Gelfenstein
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13/12/2021

PEPE ESCOBAR
“Reconquista”: Em 2022, um argelino islamofóbico quer ‘limpar’ a França do ‘perigo muçulmano’

Pepe Escobar, The Cradle, 9/12/2021

Traduzido pelo Coletivo de Tradutores Vila Mandinga

“— Re quê?, indagou Bianchon.
— Re-toque.
— Re-trato.
— Re-talho.
— Re-tranca.
— Re-truque.
— Re-treta.
— Re-tinto.
— Re-torama.

Essas oito respostas partiram de todos os lados da sala com a rapidez de uma fuzilaria e se tornaram ainda mais engraçadas porque o pai Goriot olhava para os convivas com expressão aparvalhada, como alguém que procura entender uma língua estrangeira.”

Pai Goriot
, Balzac, 1835, tradução e notas de Paulo Rónai,
aqui, pág. 71*

 

https://media.thecradle.co/wp-content/uploads/2021/12/1-1200x567.jpg 

Francês islamofóbico e candidato à presidência, Eric Zemmour magnetiza a extrema direita com suas polêmicas racistas. Nome de família judeu berbere da Argélia, Zemmour significa azeitona em berbere e “buzina” em árabe. Foto: The Cradle


Em agudo contraste com o ambiente político moroso por toda a Europa, a eleição na França – contra todas as probabilidades – promete agora se tornar uma das disputas mais interessantes que teremos em 2022.
Justo quando todos, da Normandia à Côte d’Azur pareciam já conformados a sofrer um segundo surto de macronismo, Eric Zemmour, polemista convertido em político, aparece com uma reviravolta no enredo.
E precisou menos de uma semana. Na 2ª-feira, 29 de novembro, Zemmour
anunciou oficialmente  que concorrerá às eleições. Chegou com cenário completo à De Gaulle, lendo discurso ao som de Beethoven, frente a um microfone antiquado e cercado por livros.
Ali Zemmour anunciou o nome de seu novo partido político: ‘Reconquista’ – inspirado na batalha de sete séculos que os cristãos tiveram de enfrentar para expulsar os mouros da Ibéria, o que afinal conseguiram em 1492.
Para Zemmour e seus ávidos acólitos, trata-se simplesmente de reconquistar a França, arrancando-a outra vez das mãos do inimigo muçulmano.
Depois, no domingo, 5 de dezembro, realizou
seu primeiro comício de candidato diante de mais de dez mil pessoas. Nenhum político francês hoje consegue arrastar semelhante multidão.

12/09/2021

PEPE ESCOBAR
O que esperar dos Talibã 2.0

Pepe Escobar, Asia Times, 8/9/2021
Traduzido pelo Coletivo de Tradutores Vila Mandinga

O anúncio dos nomes dos ministros do gabinete do novo governo interino do Emirado Islâmico do Afeganistão, pelo porta-voz dos Talibã Zahibullah Mujahid, em Cabul, já provocou grande tumulto: conseguiu enfurecer os dois lados, o OTANistão woke,[i] e o Estado Permanente (orig. Deep State, lit. “Estado Profundo”[ii) dos EUA.

A lista dos ministros

É gabinete formado só de homens, predominantemente pashtuns (há um uzbeque e um tadjique), prêmio à velha guarda dos Talibã. Os 33 membros do gabinete de governo do Afeganistão são Talibãs.

Mohammad Hasan Akhund – que presidiu a Rehbari Shura Talibã, ou Conselho de Líderes, por 20 anos – será o primeiro-ministro interino. Para todas as finalidades práticas, Akhund é considerado terrorista pela ONU e pela União Europeia, e está sob sanções do Conselho de Segurança da ONU. Não é segredo que Washington considera Organizações Terroristas Estrangeiras [ing. Foreign Terrorist Organizations] algumas facções dos Talibã; e que os Talibã carregam uma sanção especial como organização “Terrorista Global”.

É crucial salientar que Himatullah Akhundzada, Líder Supremo dos Talibã desde 2016, é Amir al-Momineen (“Comandante dos Crentes”). Não pode ser primeiro-ministro; seu papel, como líder supremo espiritual, é fixar orientações para o Emirado Islâmico e mediar disputas – incluídas as disputas políticas.

Akhundzada distribuiu uma declaração na qual se lê que o novo governo “trabalhará muito para manter as regras do Islamismo e a lei da sharia no país” e garantirá “paz, prosperidade e desenvolvimento duradouros”. Acrescentou que “o povo não deve tentar deixar o país”.

09/09/2021

PEPE ESCOBAR
9/9 and 9/11, 20 years later

 Pepe Escobar, Asia Times, 9/9/2021

We may never know the full contours of the whole riddle inside an enigma when it comes to 9/11 and related issues 

It’s impossible not to start with the latest tremor in a series of stunning geopolitical earthquakes. 

Exactly 20 years after 9/11 and the subsequent onset of the Global War on Terror (GWOT), the Taliban will hold a ceremony in Kabul to celebrate their victory in that misguided Forever War.

Four key exponents of Eurasia integration – China, Russia, Iran and Pakistan – as well as Turkey and Qatar, will be officially represented, witnessing the official return of the Islamic Emirate of Afghanistan. As blowbacks go, this one is nothing short of intergalactic.

The plot thickens when we have Taliban spokesman Zabihullah Mujahid firmly stressing “there is no proof” Osama bin Laden was involved in 9/11. So “there was no justification for war, it was an excuse for war,” he claimed. 

Only a few days after 9/11, Osama bin Laden, never publicity-shy, released a statement to Al Jazeera: “I would like to assure the world that I did not plan the recent attacks, which seems to have been planned by people for personal reasons (…) I have been living in the Islamic Emirate of Afghanistan and following its leaders’ rules. The current leader does not allow me to exercise such operations.” 

On September 28, Osama bin Laden was interviewed by the Urdu newspaper Karachi Ummat. I remember it well, as I was commuting non-stop between Islamabad and Peshawar, and my colleague Saleem Shahzad, in Karachi, called it to my attention. 

Read more 

Arcadio Esquivel, Costa Rica

 

05/09/2021

PEPE ESCOBAR
De volta para o futuro: Talibanistão, 2000... 2010... 2021

 Pepe Escobar, The Saker, 31/8/2021 

Traduzido pelo Coletivo de tradutores Vila Mandinga 

Caro leitor: vamos sentar, relaxar e viajar, pela memória, até tempos pré-históricos – ao mundo pré-11/9, pré-YouTube, pré-Facebook. Bem-vindos ao Afeganistão dos Talibã – o Talibanistão – dos anos 2000.
Foi quando Jason Florio, fotógrafo sediado em New York (veja seu Diário Afegão),  e eu atravessamos sem pressa as terras do Talibanistão, de leste a oeste, da fronteira com o Paquistão em Landi Kotal à fronteira com o Irã em Islam Qillah.
Como atestaram muitos dos que trabalhavam em serviços de ajuda humanitária no Afeganistão, Jason e eu fomos os primeiros a ocidentais a aparecer por lá, em muito tempo.


http://dxczjjuegupb.cloudfront.net/wp-content/uploads/2021/08/Screen-Shot-2021-08-31-at-10.21.44-PM-1024x820.jpg  

Fátima, Maliha e Nouria, em casa, em Cabul

Que dias, aqueles! Bill Clinton curtia suas últimas aventuras na Casa Branca. Osama bin Laden não passava de hóspede discreto do Mulá Omar – e só ocasionalmente chegava às primeiras páginas dos jornais. Ninguém suspeitava de que viria o 11/9, ou a invasão do Iraque, ou a “guerra ao terror”, nem se cogitava de reposicionar a griffe ”guerra do Af-Pak”, nem de uma crise financeira global. Reinava a globalização, e os EUA eram, sem quem o desafiasse, o cão-alfa. O governo Clinton e o Talibã já estavam infiltrados bem fundo no território do Oleogasodutostão – discutindo o tortuoso recém-proposto gasoduto Trans-afegão.

Tentamos de tudo, mas não conseguimos ver, nem de longe, o Mulá Omar. Osama bin Laden também se mantinha afastado de todos os olhares. Mas experienciamos o Talibanistão em ação, detalhadamente.

Hoje é dia especial para revisitar esses escritos. A Guerra Sem Fim no Afeganistão acabou; daqui em diante será um monstro Híbrido, contra a integração do Afeganistão nas Novas Rotas da Seda e na Eurásia Expandida.

Em 2000 escrevi um especial sobre viagem por terra pelo Talibanistão para uma revista política japonesa, já extinta, e dez anos depois, uma série de três artigos em que revisitei a mesma viagem, para Asia Times.
Por que, então, re-revisitá-los vinte anos depois? Culpem a tentação, a isca, da arqueologia e da história. O que se faz aqui é ao mesmo tempo lançar um olhar a um mundo há muito tempo perdido e abrir uma janela para um renovado futuro possível no Afeganistão.

A parte 2 daquela trilogia pode ser encontrada em ing. aqui; em port. aqui; e a parte 3 em ing. aqui; em port. aqui).

Mas o 1º ensaio da trilogia desapareceu da internet (é uma longa história). Por acaso, encontrei-o recentemente num hard drive. As imagens são daquela época, feitas com uma Sony mini-DV: acabo de receber o arquivo, mandado de Paris (aqui, adiante, com algumas poucas atualizações).
É visão breve de um mundo há muito perdido: podem chamar de registro histórico de um tempo quando ninguém sequer sonhava com algum “momento Saigon” remixed – como guarda-chuva reformatado de guerreiros convenientemente rotulados de “Talibã”.

Esses Talibã, 20 anos depois de terem dado tempo ao tempo, bem ao estilo Pashtun, agradecem que Alá lhes tenha dado a vitória sobre mais um invasor estrangeiro.
EUA e OTAN chegariam talvez a algum “momento Saigon” – e partiriam? Em 2000 e em 2010 parecia que não. Enquanto o general David “Sempre de olho em 2012” Petraeus, como seu predecessor general Stanley McChrystal, avançava suas forças especiais, Assassinato Incorporate, para dobrar os Talibãs, o mesmo Petraeus foi capaz de dizer – sem ironia – ao canal Fox News, que o “objetivo último” da guerra seria “reconciliar” o ultracorrupto governo de Hamid Karzai e os Talibãs.

Agora, sim, pé na estrada, de volta para o futuro.

A vida no Talibanistão 
1. Meta esses infiéis na cadeia

2. O grau zero da cultura

3. Casado com a máfia



02/09/2021

PEPE ESCOBAR
Back to the future: Talibanistan, Year 2000

Pepe Escobar, The Saker, 31/8/2021

Dear reader: this is very special, a trip down memory lane like no other: back to prehistoric times – the pre-9/11, pre-YouTube, pre-social network world.

Welcome to Taliban Afghanistan – Talibanistan – in the Year 2000. This is when photographer Jason Florio (see his Afghan Diary) and myself slowly crossed it overland from east to west, from the Pakistani border at Torkham to the Iranian border at Islam qillah. As Afghan ONG workers acknowledged, we were the first Westerners to pull this off in years.


Fatima, Maliha and Nouria, at home in Kabul

Those were the days. Bill Clinton was enjoying his last stretch at the White House. Osama bin Laden was a discreet guest of Mullah Omar – hitting the front pages only occasionally. There was no hint of 9/11, the invasion of Iraq, the “war on terror”, the perpetual financial crisis, the Russia-China strategic partnership. Globalization ruled, and the US was the undisputed global top dog. The Clinton administration and the Taliban were deep into Pipelineistan territory – arguing over the tortuous, proposed Trans-Afghan gas pipeline.

We tried everything, but we couldn’t even get a glimpse of Mullah Omar. Osama bin Laden was also nowhere to be seen. But we did experience Talibanistan in action, in close detail.

Today is a special day to revisit it. The Forever War in Afghanistan is over; from now on it will be a Hybrid mongrel, against the integration of Afghanistan into the New Silk Roads and Greater Eurasia.

In 2000 I wrote a Talibanistan road trip special for a Japanese political magazine, now extinct, and ten years later a 3-part mini-series revisiting it for Asia Times.

Part 2 of this series can be found here, and part 3 here.

Yet this particular essay – part 1 – had completely disappeared from the internet (that’s a long story): I found it recently, by accident, in a hard drive. The images come from the footage I shot at the time with a Sony mini-DV: I just received the file today from Paris.

This is a glimpse of a long-lost world; call it a historical register from a time when no one would even dream of a “Saigon moment” remixed – as a rebranded umbrella of warriors conveniently labeled “Taliban”, after biding their time, Pashtun-style, for two decades, praises Allah for eventually handing them victory over yet another foreign invader.

Now let’s hit the road.

KABUL, GHAZNI – Fatima, Maliha and Nouria, who I used to call The Three Graces, must be by now 40, 39 and 35 years old, respectively. In the year 2000 they lived in an empty, bombed house next to a bullet-ridden mosque in a half-destroyed, apocalyptic theme park Kabul – by then the world capital of the discarded container (or reconstituted by a missile and reconverted into a shop); a city where 70% of the population were refugees, legions of homeless kids carried bags of cash on their backs ($1 was worth more than 60,000 Afghanis) and sheep outnumbered rattling 1960s Mercedes buses.

Under the merciless Taliban theocracy, the Three Graces suffered triple discrimination – as women, Hazaras and Shi’ites. They lived in Kardechar, a neighborhood totally destroyed in the 1990s by the war between Commander Masoud, The Lion of the Panjshir, and the Hazaras (the descendants of mixed marriages between Genghis Khan’s Mongol warriors and Turkish and Tajik peoples) before the Taliban took power in 1996. The Hazaras were always the weakest link in the Tajik-Uzbek-Hazara alliance – supported by Iran, Russia and China – confronting the Taliban.

17/08/2021

PEPE ESCOBAR
Raia em Cabul um momento Saigon

 

 Pepe Escobar, Asia Times, 13/8/2021
Traduzido pelo Coletivo de Tradutores Vila Mandinga

12/8/2021 entrará para a história como o dia em que os Talibã vingaram a invasão do Afeganistão pelos EUA e assestaram o golpe que derrubou o homem dos EUA em Cabul

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11/08/2021

PEPE ESCOBAR
Todos los caminos conducen a la batalla por Kabul

Pepe Escobar, Asia Times, 10/8/2021
Traducido del inglés por Sinfo Fernández

 Una ciudad tras otra va pasando del control del gobierno a manos de los talibanes, pero el desenlace no está claro aún.


Milicianos afganos vigilan en un puesto de avanzada contra los insurgentes talibanes en el distrito de Charkint, provincia de Balkh, el pasado mes de junio.
(Foto: Farshad Usyan/AFP)

Las siempre esquivas negociaciones del proceso de “paz” afgano se reanudan este miércoles en Doha a través de una troika ampliada: USA, Rusia, China y Pakistán. El contraste con los hechos acumulados sobre el terreno no podría ser más marcado.

En una guerra relámpago coordinada, los talibanes han sometido nada menos que seis capitales de provincia afganas en tan solo cuatro días [*]. La administración central de Kabul lo va a tener difícil en Doha para defender su estabilidad.

La cosa va a peor. El presidente afgano Ashraf Ghani ha enterrado ominosa y prácticamente el proceso de Doha. Ha apostado ya por la guerra civil, desde el armamento de los civiles en las principales ciudades hasta el soborno generalizado de los señores de la guerra regionales, con la intención de construir una “coalición de los bien dispuestos” para luchar contra los talibanes. 

La toma de Zaranj, la capital de la provincia de Nimruz, fue un gran golpe talibán. Zaranj es la puerta de acceso de la India a Afganistán, y más allá a Asia Central, a través del Corredor Internacional de Transporte Norte-Sur (INSTC, por sus siglas en inglés).

La India pagó la construcción de la autopista que une el puerto de Chabahar en Irán -el centro clave de la fallida versión india de las Nuevas Rutas de la Seda- con Zaranj.

Lo que está en juego es un paso fronterizo vital entre Irán y Afganistán, además de un corredor de transporte para el sudoeste y el centro de Asia. Sin embargo, los talibanes controlan ahora el comercio en el lado afgano. Y Teherán acaba de cerrar el lado iraní. Nadie sabe qué ocurrirá a continuación.

Los talibanes están llevando meticulosamente a cabo un plan maestro estratégico. No hay evidencias contundentes del mismo todavía, pero (¿ayuda externa altamente informada, inteligencia pakistaní del ISI?) es plausible.

En primer lugar, conquistan las zonas rurales, algo que han conseguido prácticamente en al menos el 85% del territorio. Después, controlan los puestos de control fronterizos clave, como los de Tayikistán, Turkmenistán, Irán y Spin Boldak con Baluchistán en Pakistán. Por último, tratan de rodear y tomar metódicamente las capitales de provincia: en eso estamos ahora.

El acto final será la batalla por Kabul. Es posible que esto tenga lugar ya en septiembre, en una retorcida “celebración” de los 20 años del 11-S y de los bombardeos usamericanos sobre los talibanes de 1996-2001. 

13/07/2021

PEPE ESCOBAR
“Perdido numa selva romana de dor”[1]
Elogio a James Douglas Morrison, poeta do século 20, morto há meio século, aos 27 anos

Pepe Escobar, The Vineyard of the Saker, 3/7/2021

Traduzido pelo  Coletivo de tradutores Vila Mandinga 


Ele foi como o tigre de Blake,
[2] sempre em fogo, e à caça de arco-íris de Rimbaud[3] – para acabar numa banheira, como Marat.[4] Tinha só 27 anos.

Jim Morrison morreu dia 3 de julho de 1971, em Paris. Meio século depois,
The Collected Works of Jim Morrison: Poetry, Journals, Transcripts, and Lyrics celebra luxuosamente a alma do poeta.


Em vida, Jim publicou, ele mesmo, três edições limitadas de sua poesia: The Lords/Notes on Vision (1969), The New Creatures (1969), e An American Prayer (1970).

Agora, afinal, temos acesso a todos os seus escritos, incluído o roteiro para o filme experimental de Jim, 50 minutos,
HWY, filmado ao estilo do cinema-verdade de Godard, na primavera e verão de 1969 em L.A. e no deserto de Mojave, com Jim no papel de um caroneiro de beira de estrada. Amantes de carros antigos gostarão de ver Jim ao volante de seu Mustang Shelby GT 500, no HD clip de um filme inspirado por HWY.

The Collected Works dá a sensação de um colar de fragmentos mágicos de jade, completado com páginas manuscritas em cadernos, palavras rasuradas, sublinhadas, o resultado talvez similar ao ‘Plano para Livro’ que Jim certa vez esboçou.

10/07/2021

Momento Saigon no Hindu Kush

Pepe Escobar, Asia Times, 7/7/2021
Traduzido pelo  Coletivo de tradutores Vila Mandinga 

And it’s all over
For the unknown soldier
It’s all over
For the unknown soldier

The Doors, The Unknown Soldier[1]


Comecemos com alguns espantosos fatos em campo.

Os Talibã estão operando em tempo integral. No início dessa semana, seu braço de Relações Públicas dizia que têm sob seu controle 218, dos 421 distritos afegãos – capturando mais e mais a cada dia. Dezenas de distritos são contestados. Províncias afegãs inteiras são perdidas, basicamente inacessíveis para o governo de Cabul – reduzido, de facto a administrar umas poucas cidades espalhadas pelo país e sob cerco.


Já dia 1º de julho, os Talibã anunciaram que controlavam 80% do território afegão. É próximo do que havia há 20 anos, poucas semanas antes do 11/9, como o
Comandante Masoud me disse, no vale Panjshir, quando preparava uma contraofensiva, que os Talibã dominavam 85% do país.

A nova abordagem tática deles funciona como sonho. Primeiro, há o apelo direto aos soldados do Exército Nacional Afegão, ENA [ing. Afghan National Army, ANA], para que se rendam. Negociações rápidas – e acordos cumpridos. Alguns (poucos) milhares de soldados já se uniram aos Talibã sem que um só tiro tenha sido disparado.

Os responsáveis por construir mapas não têm tempo suficiente para carregar dados atualizados em tempo real. O Afeganistão vai-se rapidamente convertendo em caso exemplar de colapso de governo central em pleno século 21.

Os Talibã estão avançando rapidamente no Vardak ocidental, capturando facilmente bases do ENA. É como o prólogo de um assalto contra Maidan Shar, capital provincial. Se obtiverem o controle de Vardak, estarão literalmente às portas de Cabul.

Depois de capturar o distrito de Panjwaj, os Talibã estão também a uma pedrada de distância de Kandahar, fundada por Alexandre, o Grande em 330 a.C. e cidade onde um certo mulá Omar – com pequena ajuda de seus amigos dos Serviços Especiais paquistanesas (ISI) – iniciou a aventura dos Talibã em 1994, liderando a tomada do poder em Cabul em 1996. 

A grande maioria da província Badakhshan – maioria Tadjique, não Pashtun – caiu depois de apenas quatro dias de negociações, com umas poucas escaramuças. Os Talibã até capturaram um posto de colina, muito próximo de Faizabad, capital do Badakhshan.

Rastreei em detalhe a fronteira Tadjique-Afeganistão, quando
viajei pela estrada Pamir no final de 2019. Os Talibã, seguindo trilhas de montanha do lado afegão, conseguiu alcançar rapidamente a lendária, desolada fronteira com Xinjiang no corredor Wakhan.

Os Talibã estão também próximos de um movimento contra Hairaton, na província Balkh. Hairaton está na fronteira afegã-uzbeque, local da historicamente importante Ponte da Amizade sobre o Amu Darya, pela qual o Exército Vermelho partiu do Afeganistão em 1989.

Comandantes do ENA juram que a cidade está agora protegida por todos os lados por uma zona de segurança de cinco quilômetros. Hairaton já atraiu dezenas de milhares de refugiados. Tashkent não quer que esses refugiados cruzem a fronteira.

E não só na Ásia Central; os Talibã já avançaram até os limites da cidade de Islam Qilla, na fronteira do Irã, na província de Herat, e ponto chave de passagem de fronteira, no muito ativo corredor entre Mashhad e Herat. 

Militantes talibã e aldeões afegãos participam de uma reunião para celebrar o acordo de paz e sua vitória sobre os EUA , no distrito de Alingar, na província de Laghman, em 2 de março de 2020. Foto: AFP / Noorullah Shirzada

05/07/2021

PEPE ESCOBAR
A longa e sinuosa estrada* multipolar

Pepe Escobar, 1/7/2021
Traduzido pelo 
Coletivo de tradutores Vila Mandinga

Vivemos tempos extraordinários.

No dia do 100  aniversário do Partido Comunista Chinês (PCC), o presidente Xi Jinping, na praça Tiananmen, com toda a pompa e circunstância, distribuiu poderosa mensagem geopolítica:


O povo chinês jamais permitirá que forças estrangeiras o intimidem, oprimam ou subjuguem. Quem tente fazer isso logo se verá em rota de colisão contra uma grande muralha de aço forjada por mais de 1,4 bilhão de chineses.


Ofereci
versão concisa (aqui, traduzida ao port.) do moderno milagre chinês – que nada tem a ver com intervenção divina, mas com “buscar a verdade a partir de fatos” (copyright Deng Xiaoping), inspirado por sólida tradição cultural e histórica.

A “grande muralha de aço” evocada por Xi abarca hoje uma dinâmica “sociedade moderadamente próspera” – meta alcançada pelo PPC às vésperas do centenário. Arrancar da miséria 800 milhões de pessoas é feito histórico ainda não igualado – em todos os aspectos.


Criança geopolítica observando o nascimento do homem novo, Salvador Dalí, 1943

18/05/2021

Pepe Escobar- Gaza sous les bombes : le masque de la « démocratie libérale » tombe avec fracas

 Pepe Escobar, 17/5/2021
Traduit par Réseau International

Nakba, 15 mai 2021. Les historiens du futur marqueront le jour où la « démocratie libérale » occidentale a émis une proclamation obscène : Nous bombardons les bureaux des médias et détruisons la « liberté de la presse » dans un camp de concentration à ciel ouvert, tandis que nous interdisons les manifestations pacifiques sous un état de siège au cœur de l’Europe.

Et si vous vous révoltez, nous vous effaçons.

 

Entité sioniste, par Emad Hajjaj

Gaza rencontre Paris. Le bombardement de la tour al-Jalaa – un bâtiment éminemment résidentiel qui abritait également les bureaux d’al-Jazeera et d’Associated Press, entre autres – par « la seule démocratie du Moyen-Orient » est directement lié à l’ordre verboten exécuté par le Ministère de l’Intérieur de Macron.

À toutes fins utiles, Paris a approuvé les provocations de la puissance occupante à Jérusalem-Est : l’invasion de la mosquée al-Aqsa – avec gaz lacrymogènes et grenades assourdissantes ; les bandes sionistes racistes qui harcèlent et crient « mort aux Arabes » ; les colons armés qui agressent les familles palestiniennes menacées d’expulsion de leurs maisons à Sheikh Jarrah et Silwan ; une campagne de bombardements dont les victimes mortelles – en moyenne – sont 30% d’enfants.


Les foules parisiennes n’ont pas été intimidées. De Barbès à la République, elles ont défilé dans les rues – leur cri de ralliement étant Israël assassin, Macron complice. Elles ont instinctivement compris que le Petit Roi – un petit employé de Rothschild – venait de mettre le feu à l’héritage historique de la nation qui a inventé la Déclaration universelle des Droits de l’Homme.

Pepe Escobar: Bombing Gaza- The mask of “Liberal Democracy” falls with a bang

 Pepe Escobar, 17/5/2021

Nakba, May 15, 2021. Future historians will mark the day when Western “liberal democracy” issued a graphic proclamation: We bomb media offices and destroy “freedom of the press” in an open air concentration camp while we forbid peaceful demonstrations under a state of siege in the heart of Europe.

And if you revolt, we cancel you.

The Zionist entity, by Emad Hajjaj

 Gaza meets Paris. The bombing of the al-Jalaa tower – an eminently residential building which also housed the bureaus of al-Jazeera and AP, among others – by “the only democracy in the Middle East” is directly connected to the verboten order carried out by Macron’s Ministry of Interior.

For all practical purposes Paris endorsed the occupying power’s provocations in East Jerusalem; the invasion of al-Aqsa mosque – complete with tear gas and stun grenades; racist Zionist gangs harassing and crying “death to Arabs”; armed settlers aggressing Palestinian families threatened with expulsion from their homes in Sheikh Jarrah and Silwan; a campaign of carpet bombing whose lethal victims – on average – are 30% children.


Paris crowds were not intimidated. From Barbes to Republique, they marched in the streets – their rallying cry being Israel assassin, Macron complice. They instinctively understodood that Le Petit Roi – a puny Rothschild employee – had just firebombed the historical legacy of the nation that coined the Déclaration Universelle des Droits de L’Homme.

The mask of “liberal democracy” kept falling again and again in a loop – with imperial Big Tech dutifully canceling the voices of Palestinians and defenders of Palestine en masse, in tandem with a diplomatic kabuki that could fool only the already brain-dead.

On May 16, Chinese Foreign Minister Wang Yi chaired a United States Security Council (UNSC) debate via video link that had been stalled by Washington, non-stop, throughout the week. China presides over the UNSC throughout May.

The UNSC could not even agree on a mere joint statement. Once again because the UNSC was blocked by the – cowardly – Empire of Chaos.

It was up to Hua Liming, former Chinese ambassador to Iran, to break it all down in a single sentence:

“The US doesn’t want to give the credit of mediating the Palestine-Israel conflict to China, especially when China is the president of the UNSC.”

The usual imperial procedure is to “talk”, “offer you can’t refuse” Mafia-style, to both sides under the table – as the combo behind Crash Test Dummy, an avowed Zionist, had already admitted on an appalling White House tweet “reaffirming” its “strong support for Israel’s right to defend itself”.